ESPECIAL DO BLOG: OS AVATARES DA COMUNIDADE LGBTQIA+ NOS JOGOS DE LUTA

 
*Artigo atualizado às 15h30 do dia 22 de junho de 2023, com a inclusão das histórias de Marisa, Eternity, Cammy, Juli, Juni, Abel, F.A.N.G., Roxy, Ladiva, Cagliostro, Katalina, Vira, Belial e Yuel.

No dia em que o mundo comemora o Orgulho LGBTQIA+, o  BLOG DO REAL MINER decidiu fazer este artigo destacando os verdadeiros "AVATARES DO ARCO ÍRIS" no mundo dos Fighting Games, devido a sua representatividade para essa comunidade.

Antes de mais nada, é sempre importante ressaltar como a nossa concepção sobre a figura da pessoa LGBTQIA+ foi mudando com o passar das décadas. Infelizmente ainda há muito o que avançar, principalmente na questão do combate ao preconceito, mas podemos dizer evoluímos muito no modo de agir com essa parcela da população tão importante para a nossa identidade social.

Abaixo, citaremos alguns exemplos de personagens que de alguma maneira fazem com que os LGBT's se sintam acolhidos dentro de uma mídia como os jogos de lutas, que apesar da predominância masculina, tem se enchido de cor a cada ano que passa. 



Comecemos inicialmente com Poison, que mesmo tendo a sua sexualidade envolta de muitas controvérsias, é sem dúvida alguma a figura mais lembrada por apreciadores de jogos de luta e pessoas LGBTQIA+. 

Oriunda do primeiro Final Fight, lançado em 1989, Poison teve seu gênero alterado pela primeira vez em razão dos receios da Capcom com a forma como público ocidental encararia o fato do game mostrar uma mulher apanhando de homens em um jogo eletrônico.


Arquivos oficiais tratam Poison como "Newhalf", termo designado para travesti

Para resolver esse problema, a solução encontrada pela desenvolvedora foi atribuir a personagem o termo "Newhalf", que é designado para alguém que é travesti ou transexual, o que também não deixou de ser uma concepção errada. Quando o jogo ganhou uma versão para o Super Nintendo, a Capcom precisou remover as duas únicas figuras femininas do panteão de vilões da gangue Mad Gear por dois homens. Ela e Roxy deram lugar a Billy e Sid, dois sujeitos que possuíam as mesmas cores que elas.


Billy e Syd substituiram Poison e Foxy na versão para o Super Nintendo

Diante dessa polêmica, a Capcom parece ter encontrando um meio da captar a atenção dos fãs e da mídia especializada, tanto que as suspeitas sobre uma redefinição de gênero ganharam força em 1999, quando a empresa lançou Fight Fight Revenge, primeiro jogo da série totalmente em 3D. Além de inserirem um interesse amoroso dela por um dos protagonistas, Cody, foi sugerido que a personagem teria passado por uma cirurgia de redesignação de sexo.


Poison teria optado por redefinir seu gênero para conquistar o coração de Cody

O posicionamento de Poison como mulher trans foi reforçado novamente em 2014, quando a personagem foi incluída na atualização "Ultra" de Street Fighter 4. Durante uma entrevista, o então produtor da série, Yoshinori Ono, deu a seguinte declaração após ser questionado sobre o verdadeiro gênero da personagem.



"Vamos esclarecer as coisas: na América do Norte, Poison é oficialmente uma mulher transexual pós operada. Mas no Japão, ela simplesmente esconde seus negócios para parecer mulher".


O fato primordial nessa história é que mesmo a Capcom não tendo um entendimento definitivo sobre o gênero de Poison, muitos fãs já a destacam como uma figura LGBTQIA+, o que coloca Street Fighter com posição de destaque.


Muitos fãs já compram a ideia de Poison formar casal com Cody


 

Lançado no início de junho de 2023, Street Fighter 6 acabou apresentando uma pequena leva de novos lutadores com personalidades interessante, e entre essas figuras está Marisa, uma italiana declaradamente bissexual.

Em dado momento da interação da personagem com o avatar criado pelo jogador, a designer de joias ressalta não ver a menor diferença entre homem e mulher, sendo que o mais importante é ter alguém ao lado para aproveitar as belezas do mundo.

 



Além disso, em uma das missões do game, Marisa pede ajudar ao avatar para escolher um pretendente, sendo eles Marta ou Diego, conforme observou Bia Magalhães, do blog O Cantinho da Bia Chun-li

 

Os pretendentes de Marisa no Battle HUB: Marta e Diego

 

A confirmação da informação já vinha sendo para reforçada pelos desenvolvedores do jogo. Em uma entrevista, o diretor de arte do jogo, Kaname Fujioka, descreveu Marisa como "obstinada, mostrando sua afeição por homens e mulheres de sua maneira especial".

 


 

Tal personalidade fez surgir um shipper entre ela e a supermodelo francesa Manon, justamente pela como como trata a judica. Marisa também demonstra ter uma queda por Zangief, ficando essa informação evidenciada no final do modo história do Ciclone Vermelho.

 


 

 


Outros lutadores da franquia com sexualidade envolta em mistérios são Eagle, Juri-Han e Zangief. No caso do britânico de Street Fighter 1algumas de suas frases na versão japonesa de Capcom Vs SNK 2 carregam gírias da comunidade LGBTQIA+ e ele claramente rejeita aproximação com personagens como Cammy e Morrigan.




 

O caso de Juri Han também é quase similar ao de Eagle, entretanto, com contexto mais voltado para uma orientação bissexual. Aparentemente, a coreana flerta com Cammy e Chun-Li em algumas falas de Street Fighter 4.  




Com relação a Zangief, há apenas uma trivialidade em sua biografia oficial que dá a entender que o personagem "não gosta de mulheres bonitas". Essa condição pode está relacionada não só ao fato da beleza está às vezes associada ao egocentrismo, mas também a condição de que a Rússia é um dos países mais conservadores no que diz respeito a diversidade sexual.



Entretanto, as características físicas de Zangief são frequentemente relacionadas a uma subcultura gay popularmente conhecida com "Bear", onde homens possuem aparência rústica, com barbas e pelos, e porte físico mais avantajado. Essas características foram lembradas em uma enquete promovida pelo site GayGamer, com o russo ficando na 13ª colocação. 

 

 


Por falar em Cammy, o mistério em torno de sexualidade da loira também tem sido bastante explorado desde Street Fighter V. O denominador dessa história tem sido a sua companheira Doll, Juni.

 


Fica evidente que Cammy passoi a desenvolver um laço fraternal com as Dolls após os eventos de Street Fighter Zero 3, mas Juni parece ter um tratamento mais íntimo. Mas seria realmente a agente da Delta Red lésbica? Talves não, uma vez que sua participação em outras produções abrem margem para o envolvimento delas com homens.

 

Guile e Cammy em Street Fighter: A Última Batalha (1994) x Cammy e M.Bison em Street Fighter: A Série Animada (1996)


Juni no enredo de Cammy no modo história de Street Fighter 6
 

As insinuações sobre a sexualidade de Juni também ocorrem em arte do próprio SFZ3, que sugerem uma relação mais íntima com Juli, sendo esta a amada do mexicano T.Hawk. Na observação de Bia Magalhães, do blog O Cantinho da Bia Chun-li, a suspeita disso deve-se ao fato delas serem retratadas juntas como se uma complementasse a outra, indo além de serem simples parceiras de luta.

 

Juni e Juli em Street Fighter Zero 3
 

 



Seth fez sua estreia em Street Fighter V, sendo o chefe final desta edição. Ele tinha um corpo masculino, porém, após ser derrotado, o seu cérebro biológico foi transferido para uma Doll Unidade Zero. A responsável por essa façanha foi Juri Han.


A história de Seth em Street Fighter V mostra que Juri foi a responsável por escolher o seu novo corpo

De acordo com a própria Capcom, o atual corpo de Seth é o 15º de uma unidade de 26 corpos, todos planejados para tomar o controle da organização de Bison, a Shadaloo. Seth é mais máquina do que um ser humano, podendo se apossar de qualquer linha cibernética, desde uma máquina de lavar a ciborgues avançados.


O objetivo de Seth é derrotar Bison e tomar o comando da Shadaloo

A desenvolvedora de SF também nunca definiu Seth como homem ou mulher, o que pode colocá-lo como um pessoa Não-Binária, assim como outro exemplo que você verá adiante deste artigo.


Pelo fato de ser uma máquina, Seth não é definido por gênero, apesar de possuir voz masculina
 
 
 



F.A.N.G. assumiu o posto de Sagat entre os maiorais da Shadaloo em Street Fighter V, sendo ele o líder de um misterioso clã de assassinos conhecido como Nguuhao. Seus poderes são oriundos da exposição precoce a diversas soluções venenosas, dando-lhe acesso os caminhos da Mão Venenosa (Dim Mak).

 

F.A.N.G. e seu clã de assassinos conhecido como Nguuhao

 

Não há menções claras sobre a vida amorosa de F.A.N.G. dentro da franquia, no entanto, como observado na atualização mais recente do artigo sobre personagens LGBTs de SF do blog O Cantinho da Bia Chun-Li, existem situações que despertam desconfianças sobre a sua sexualidade.   

A própria Capcom revelou que a entrada de F.A.N.G. se deu após a desastrosa tentativa de seu clã atacar M.Bison. O ditador, no entanto, não o matou como fez com os outros unicamente pelo interesse em seus poderes venenosos, oferecendo-lhe um lugar entre os Quarto Reis da Shadaloo.

 


F.A.N.G. se tornou um dos Quatro Reis da Shadaloo após a saída de Sagat

 

Levando isso em consideração, a autora do artigo, Bia Magalhães, observou que F.A.N.G. acabou desenvolvendo uma lealdade um tanto "apaixonada" por Bison, a ponto inclusive de se deseperar com o desaparecimento do corpo do vilão nos eventos finais do modo cinemático "SFV: A Shadow Falls".

 


F.A.N.G. testemunhou o desaparecimento de M. Bison em A Shadow Falls

 

Outro fato observado por ela é a questão de sua falta de interesse por mulheres. Essa informação tem como base na versão japonesa do seu conto, Toxicity. O trecho que levanta a suspeita em torno de sua sexualidade foi destacada pelo usuário Red Cyclone no Twitter.

 

 Tweet de Red Cycline falando sobre F.A.N.G.

 

O contraponto exposto por Red Cyclone indica que essa condição pode estar mais relacionado ao fato de F.A.N.G produzir fluídos corporais venenosos, o que o impede de ter relações com qualquer pessoa.

 

 


Assim como Cammy, Abel foi concebido para ser o corpo perfeito para Bison, mas por algum motivo ele acabou fugindo desse destino, passando a vagar pelo mundo sem qualquer resquício de memórias passadas. 

 

O enredo de SF IV coloca Abel com um dos personagens-chaves da trama

 

Dessa jornada até sua estreia em Street Fighter IV, Abel teve contato com um peça importante para o combate as ações da Shadaloo, Charlie Nash, que o ensinou técnicas militares de batalha.

 

O passado de Abel foi explorado em HQs produzidas pela Udon Entertainment

 

Aparentemente, Abel não se encaixaria em nenhuma categoria LGBTQIA+, no entanto, a concepção idealizada inicialmente pelos desenvolvedores era a de um judoca de aparência andrógina. 

 


"Com Abel, nós quisemos mostrar que os fracos podem derrotar os fortes, então originalmente ele era esse pequeno judoca que parecia uma garota", justificou o produtor de SF IV, Taisaku Okada.

 

Outro fato que sustenta o estereotipo LGBT em Abel é que ele possui uma roupa de luta greco romana como traje secundário. Esse tipo de esporte faz bastante sucesso entre membros da comunidade gay.

 

Traje de luta greco romana de Abel é bastante cultuada por membros da comunidade gay

 

 


Da mesma forma que ocorre com Poison, Roxy também é outra cuja sexualidade é frequentemente questionada pelos fãs de Street Fighter. As dúvidas sobre o gênero da lutadora ruiva da Mad Gear foram reacendidas novamente com a publicação de sua ficha biográfica na versão ocidental de Capcom Classics Collection.

 

Roxy é irmã de Poison, além de membro da gangue Mad Gear


Como foi observado por Bianca Magalhães, do blog O Cantinho da Bia Chun-Li, é revelado na versão ocidental que Roxy não gosta de coisas como cross-dressing, termo que se refere ao ato de alguém possuir uma expressão de gênero oposto, colocando-a de volta como uma mulher cisgênero.

 


"Roxy cresceu no mesmo orfanato de Los Angeles com Poison. Ela sempre está junto de Poison, embora ela realmente não goste da coisa do cross-dressing"

Já a versão japonesa a mostra como uma pessoa trans que odeia a sua própria condição.

 


"Criado num orfanato em Los Angeles com Poison. Originalmente um homem tímido, ele ganhava a vida imitando Poison. Na verdade, não gosta de transexuais"

 

 


Insinuações sobre uma possível orientação bissexual ou homossexual de lutadores também rondam outros produtos da franquia. Em Street Fighter: The Legend of Chun-Li (Street Fighter: A Lenda de Chun-Li), de 2009, esse tema foi superficialmente explorado em Cantana (Josie Ho), personagem criada especialmente para o filme.

Na trama, Chun-Li (Kristin Kreuk) decide ir em busca de informações sobre o paradeiro do  pai, que havia sido levado pela Shadaloo, um grupo criminoso liderado por M. Bison (Neal McDonough). As pistas acabaram levando a jovem até a cidade de Bangkok, na Tailândia, que estava sendo severamente castigada por uma série de ações da organização.

 

O encontro de Chun-Li com Cantana na boate Insomnia

Entre as pessoas que auxiliam Bison está uma influente mulher conhecida como Cantana. Aparentemente, ela possuía atração por garotas, o que acaba facilitando uma abordagem por parte de Chun-Li, que usa de sua beleza para arrancar as informações que precisa. No fim de tudo, Cantana acabou morta por ter revelado mais do que deveria.  


Chun-Li acaba conseguindo informações contra Bison, que pune Cantana com a morte



Street Fighter 6 também nos apresenta o personagem Eternity, uma figura caricata gosta de lutar e assistir os outros jogarem Street Fighter, criado para ser um NPC.

Dentro do jogo, a Capcom decidiu inserir o Battle Hub, modo de jogo que é basicamente um reino online para os jogadores. Por lá, é possível vagar livremente pela área e interagir com o avatar de outros jogadores. Eternity é quem dá as boas-vindas aos jogadores nesse lugar.

 


Em termos visuais, Eternity faz lembrar imediatamento filme O Quinto Elemento, mais especificalmente ao personagem Ruby Rhod, interpretado pelo ator e comediante norte-americano Chris Tucker. Atrelada a roupa chamativa, temos uma pessoa age de modo exótico e espalhafatoso, transparecendo uma natureza afeminada.

 

Eternity de Street Fighter 6 e  Ruby Rhod de O Quinto Elemento
 

Mesmo a Capcom não tendo confirmado nada sobre o gênero de Eternity, o personagem é tipo pelos fãs de Street Fighter como um ícone LGBTQIA+. As cores de seu canal fictício também faz alusão a bandeira trans, com as cores azul, rosa e branco.

 


 



Durante as explicações sobre Eagle, citamos Morrigan como uma das rejeitadas por ele em CVS2. Pois bem, ela também é frequentemente citada como referência LGBTQIA+ no universo dos videogames.

Oriunda da série Darkstalkers, Morrigan é a filha adotiva de Belial Aensland, governante do Makai (Mundo dos Demônios). A jovem é uma súcubu, um ser que se alimenta basicamente do espírito das pessoas, independentemente do gênero, utilizando-os com fonte de energia.

Embora a Capcom não tenha confirmado categoricamente a sua sexualidade, algumas imagens e diálogos nos jogos que participou sugerem que Morrigan é bissexual.
 


"Tudo bem então, venha dentro de mim ... Agora ...

... Você quer este corpo, não é? Você precisa de mim...

... Você quer este corpo, não é? Você precisa de mim..."



"A eternidade pode ser solitária. Por favor, me faça companhia..."


"A noite foi criada para adultos. Você deve ir para casa agora garoto!"


Lilith foi criada a partir de um segmento do poder de Morrigan. Vendo o poder assustador da garota, Belial decidiu dividir a energia da personagem, deixando um parte com ela, outra com ele, e a parte restante em outra dimensão. Essa última parte acabou criando consciência própria, tornando a entidade Lilith.


Final de Lilith em Darkstalkers 3


Além disso, é dito que os responsáveis pela criação da história de Darkstalkers inicialmente planejaram Lilith como um personagem masculino, de porte físico não tão definido, que se veste como mulher, não sendo necessariamente vinculado a algum gênero sexual. Houve ainda a ideia de torná-la um personagem intersex, mas o conceito final foi fechado em uma garota.



"Eu acho que seria ótimo se Lilith pudesse ser uma hermafrodita, ou se Lilith fosse na verdade um cara (apesar de sua aparência), mas o que vocês acham? Deixe o cabelo mais curto e a região do peito menos protuberante. Quanto ao rosto e à franja, mantenha-os iguais ao desenho anterior", sugeriu Haruo Murata, responsável pelo projeto de Lilith.





De todos os personagem inseridos nessa lista, Leo Kliesen é sem dúvida a mais emblemática para a comunidade LGBTQIA+, pois foi praticamente a primeira que inseriu o conceito de não-binariedade na FGC. Esse termo é dado para pessoas que não se reconhecem com a identidade de gênero (homem ou mulher) ou simplesmente podem se caracterizar como uma mistura de ambos.


Leo Kliesen visitando o cemitério onde sua mãe foi sepultada


Inserida em Tekken 6, Eleonora Kliesen ingressou no King of Iron Fist Tournament em busca de vingança pela morte de sua mãe, Emma Kliensen, que trabalhava para a G Corporation. Sua investigação pessoal a levou a concluir que o fundador da empresa, Kazuya Mishima, foi o principal responsável pelo falecimento da pesquisadora.


Leo Kliesen investiga a ligação de Kazuya Mishima com a morte de sua mãe, Emma Kliesen


Leo foi apresentada na franquia Tekken sob a ótica do gênero neutro, principalmente em razão da voz grave e das roupas que veste, dando a impressão de que realmente era um personagem masculino. Foi somente em Tekken Tag Tournament 2 , um game spin off não relacionado a cronologia principal, que ela passou a ser mencionada com pronomes femininos, inclusive ganhando uma skin onde aparece vestindo um biquíni. 


Skins alternativas evidenciam a ideia de não-binariedade de Leo 


Alguns sites especializados em jogos de luta citam que os representantes da Namco (atualmente Bandai Namco) atribuíram essa ambiguidade de gênero na personagem de forma intencional, uma vez que queriam um lutador que os jogadores amassem independentemente do gênero.




Das franquias mais tradicionais de luta que temos, Mortal Kombat é sem dúvida a que mais avançou nos aspectos de representatividade declarada. Parte dessa evolução certamente se deu ao trabalho executado pela NetherRealm Studios, que resolveu refazer a história de MK, incorporando uma nova linha temporal onde alguns eventos ocorreram de forma diferente da original.

Esse reset possibilitou um aprofundamento da linha narrativa da série e, consequentemente, de todos os personagens. Mortal Kombat 9 foi o start dessa corrida, mas  Mortal Kombat X passou a retratar as situações de forma mais contemporânea, com pautas ligadas a temas atuais como empoderamento feminino e a temática LGBTQIA+.

Kung Jin, descendente do grande campeão do Mortal Kombat pelo Plano Terreno, fez história ao ser confirmado como o primeiro personagem assumidamente gay da franquia. Inicialmente retratado como um cara problemático, a vida dele mudou após um encontre que teve com Raiden no Templo do Céu.



Raiden - "Sangue de Kung Lao... descendente do grande Kung Lao... um ladrão comum."

Raiden - "Você achou que poderia entrar livremente em meu templo... sair de lá... sem a minha cumplicidade?"

Kung Jin - "Você queria que eu o atacasse. Por quê?"

Raiden - "Para liberar sua raiva. Deixar você mais receptivo à razão."

Kung Jin - "E faz com que eu me sentisse péssimo."

Raiden - A inferioridade sempre foi uma parte infeliz da sua personalidade."


A priori, Jin achava-se indigno de ser aceito como guerreiro na Academia Wu Chi em razão de sua reputação, mas Raiden o confortou dizendo que os monges só se importariam com o que existia em seu coração, não com que o coração dele deseja.



Raiden - "Existe um caminho mais iluminado adiante. Um que realmente irá honrar seus ancestrais. Um caminho digno de você."

Raiden - "Vá para a Academia Wu Shi. Junte-se aos Shaolim. Como Kung Lao antes de você."

Kung Jin - "Eu não posso... Eles não vão... aceitar..."

Raiden - "Eles só se importam com o que existe no seu coração. Não com quem seu coração deseja."

Kung Jin -"É tarde demais pra mim."

Raiden - "Nunca é tarde demais, Kung Jin."


Outro prova que reforça a homossexualidade de Kung Jin é o fato dele rejeitar uma cantada de Tanya, que o chama de "Shaolim Charmosão". Como resposta, Jin fala que ela estaria gastando saliva a toa. Questionados sobre esses diálogos, Dominic Cianciolo, escritor da história do jogo, confirmou o rapaz é de fato um personagem gay.  



Kung Jin - "Você enfrenta um Shoalim!"

Tanya - "Um Shaolim até bem bonitão."

Kung Jin - "Você tá só gastando saliva, irmã."


Por falar em Tanya, a rebelde edeniana foi outra que levantou suspeitas sobre uma bissexualidade. Na história de MKX, ela decidi aliar-se a Mileena, que havia sido deposta do trono da Exoterra por Kotal Kahn. As duas acabaram desenvolvendo uma relação que passou a intrigar os fãs, principalmente para aqueles as veneram.




Tanya - "Os tarkatâneos estão em posição. Aguardamos a sua ordem."

Mileena - "Está dada, querida Tanya."




Mileena - "Minha querida Tanya."

Tanya - "Podemos começar, imperatriz?"

Mileena - "Será um prazer!"


No final das torres com Mileena em Mortal Kombat 11, é mostrado um final não canônico onde as duas acabam se tornando um casal, com a clone de Kitana no controle da Ampulheta do Tempo da titã Kronika. Alguns diálogos de Mileena também sugerem um sentimento de amor dela por Tanya, que aqui teria sido morta nos eventos pós MKX.



"Com a ampulheta em mãos, minha atenção se voltou a minha irmã. Eu nasci da carne dela, temos o mesmo sangue, eu queríamos que fôssemos uma família, mas ela me queria morta. Eu não era a sua irmã, mas sim um monstro. Quão chocada ela ficaria ao saber que eu usei o poder da Kronika pra tomar o seu lugar? 

Sob o olhar de admiração dos meus pais, governo os reinos como Kahnum do Tempo. Os amigos da minha irmã, o amor dela, todos me apreciam. Kitana foi esquecida, seu nome jas nas areias da história. Porém, nem mesmo eu reinarei pra sempre. Como todas as rainhas, eu preciso de um herdeiro, alguém que carregue o meu nome e o meu legado por eras.

Ao contrário da minha irmã, minha filha nutre profunda admiração por mim. Pra ela, eu não sou uma abominação. Eu sou a perfeição."



Kano: "Tô de queixo caidinho aqui. Você e a Tanya?"

Mileena: "Diga seu preço, Kano. Preciso vingá-la"

Kano: "Já que é pessoal, vai ter que pagar um extra"



Mileena: "Jade morrerá assim como a Tanya"

Kotal Kahn: Devolva-a para mim, Mileena!"

Mileena: Nunca! Você sentirá a minha dor"




Mileena: "Sem você, Tanya estaria viva"

Rain: "O fracasso da sua rebelião não é culpa minha"

Mileena: "Era o seu plano, Rain!"


Rain: "Direcione sua raiva à Tanya, Mileena"

Mileena: "Mas foi você que me traiu, e não ela!"

Rain: "Pense Mileena. Quem foi que nos apresentou?"



Além de Kung Jin, Mileena e Tanya, temos ainda o caso de Frost, a aprendiz revoltada de Kuai Liang, o segundo Sub-Zero. A jovem tem a ambição de assumir o comando do clã Lin Kuei, nem que para isso precise matar seus aliados.



Frost - "Deveria ter sido Grão-Mestre."

Noob Saibot - "Jamais permitiria mulheres Lin Kuei."

Frost - "Você é pior que o Kuai Liang."


Em Mortal Kombat 11, Frost rejeita todas as investidas de Rain e uma cantada de Johnny Cage, levantando suspeitas sobre a sua sexualidade.




Frost - "O que tem nessa mente suja?"

Rain - "Queria alguém como você para apagar meu fogo."

Frost - "Bela fantasia, mas não é a minha praia."

 

Frost - "Já vi como me olha."

Rain - "Você tem a personalidade de um gato selvagem."

Frost - "E as garras de um, também"



Frost - "Nem pense nisso, Cage."

Johnny Cage - "Admita que passou pela sua cabeça."

Frost - "Não estou interessada"




A bixessualidade também é algo frequentemente sugerida para Mature e Vice, as Hakkeshus da série The King of Fighters. Por mais que a SNK nunca tenha declarado uma linha sequer a respeito do assunto, o modo como ambas são retratadas sugere uma relação íntima que transcende os votos de lealdade com a entidade Orochi.


Arte promocional do mangá KOF' A New Beginning sugere uma intimidade forte entre Mature e Vice


Essa insinuação sexual entre as duas foi inclusive abordado no desastroso The King of Fighters: A Batalha Final (The King of Fighters: The Movie), dirigido pelo cineasta Gordan Chan. No filme, há uma cena em que as duas comemoram o fato de estarem sozinhas, mas o clima de romance é interrompido com o chamado do torneio, que ocorrem em uma espécie de outra dimensão.




Vice - "Fui chamada."
Mature - "Lembra do recado que recebemos? Ninguém deve aceitar os desafios até que Chizuru autorize."
Mature - "Nós duas?!"
Vice - "Nunca soube de dois lutadores entrarem ao mesmo tempo."
Mature - "Pode ser a nossa chance. Duas contra um."
Vice - "Pode haver dois reis dos lutadores?"
Mature - "Há uma primeira vez pra tudo."



Rugal - "Venha, vamos dançar!"
Vice - "Para! Você venceu."
Rugal - "Vocês não tem graça... duas garotas e um cara? Isso seria o sonho de qualquer homem."
Mature - "Porque você não tira a insígnia?"
Rugal - "Acha que é um jogo? Eu poderia te matar! Quer que eu te mate?!"
Vice - "Não... não! Eu faço qualquer coisa!"
Rugal - "Mesmo? O que está disposta a fazer por mim?"
Vice - "Qualquer coisa."
Vice - "O que você fez?"
Rugal - "Digamos que ela se comprometeu, e você está sob contrato. Agora tem um trabalho a fazer... bem vindas a Corporação Rugal" 




Assim como no caso de Mature e Vice, Rasputin é outro personagem que frequentemente é associado à comunidade LGBTQIA+. Oriundo de  World Heroes, o lutador é um feiticeiro russo com grande conhecimento em magia. Ele entra no torneio de lutas da franquia pregando o amor que a humanidade deve ter.


Artwork de Rasputin de Worlf Heroes

A sexualidade de Rasputin é geralmente questionada não só em razão de seu país de origem (a Rússia tem um dos piores regimes ideológicos do mundo contra os gays), mas também por algumas de suas animações. Uma de suas poses de vitória, por exemplo, faz alusão a icônica cena de "O Pecado Mora ao Lado", onde o vento acaba levantando o longo vestido branco de 'A Garota', personagem da atriz Marilyn Monroe.


A pose de vitória de Rasputin faz clara referência a cena do filme "O Pecado Mora ao Lado"

Outro fato que evidencia a orientação sexual de Rasputin é o seu especial "The Secret Garden", em World Heroes Perfect. Nele, o personagem entra dentro de um arbusto, puxando o seu adversário junto. Corações podem ser vistos flutuando em direção ao céu, além de alguns sussurros. Esse movimento só pode ser feito com lutadores do sexo masculino.


Especial "The Secret Garden" só pode ser executado em personagens masculinos


Uma curiosidade aqui é que o personagem da SNK foi inspirado em Grigori Yefimovich Rasputin, um místico russo que mais tarde se tornaria uma figura política influente no país no período da Dinastia Romanov


Comparação entre o Rasputin fictício e o Raspuntin real

Um detalhe que até hoje levanta polêmica diz respeito ao órgão sexual do conselheiro imperial. Historiadores relatam que o pênis de Rasputin teria sido supostamente arrancado por seus inimigos e depois redescoberto e guardado no Museu do Erotismo, em São Petersburgo, onde está inteiro mais de cem anos após sua morte.




Rival de Haohmaru na série Samurai Shodown, Genjuro Kibagami tem umas das histórias mais sofridas dos fighting games. Filho de uma prostituta, ele cresceu sem saber nada sobre o seu pai, fazendo um juramento silencioso de proteger sua mãe até que ele volte para casa.


Arte de Shiroi Eijo mostra Genjuro com uma mulher

Quando tinha 15 anos, o rapaz acabou matando um homem que batia insistentemente em sua mãe quando ficava bêbado. Genjuro só não contava que nesse mesmo dia acabaria ganhando uma enorme cicatriz nas costas após ser ferido por quem havia jurado proteger. Revoltado por ter sido sempre um bastardo, ele também a matou em retaliação.


O trágico fim do elo entre Genjuro e sua mãe, na arte de Shiroi Eiji

Não demorou muito e Genjuro acabou sendo tutelado por Nicotine Caffeine, tornando-se colega de treino de seu outro discípulo, Haohmaru. Eles até acabaram virando amigos por um tempo, mas o seu temperamento explosivo e a ganância por poder fez com que acabasse expulso por seu mestre. Genjuro também prometeu matar Haohmaru por ele se parecer com o homem que agredia sua mãe.


Haohmaru e Genjuro já foram amigos antes de se tornarem rivais

Com relação a temática LGBT, alguma de suas falas de Genjuro sobre "discriminação entre a carne" dão a entender que o personagem é bissexual. Em batalha, ele não faz distinção de gênero, podendo matar tanto homens quanto mulheres, bem como pode apreciar ambos em sentido sexual.

 

Site de aniversário de SamSho enfatiza a não distinção de gênero aplicada por Genjuro


Já o site oficial de SamSho 2019 mostra que Genjuro tem milhares de habilidades, com homens e mulheres

Há ainda um final ruim em Days of Memories: Ōedo Love Scrolls que mostra o protagonista na cama, com Genjuro ao lado. Isso ocorre em razão do jogador sempre optar por treinar com personagem todos os dias, ao invés de ter encontros com uma das garotas do jogo. 


Como qualquer jogo de simulação de encontro, o destino do jogador muda de acordo com suas escolhas

 




Por mais que a SNK também não tenha se posicionado em relação a Ash Crimson, Shion e Jivatma, esses três personagens também afloram as discussões a cerca da temática LGBTQIA+.

No caso do protagonista da terceira saga de KOF, além dos trejeitos, Ash Crimson carrega fortes feições andróginas e roupas pra lá de extravagantes. O jovem também é dono de uma personalidade extremamente debochada, mas que parecer ser usada para proteger as pessoas com que mais se importa, como é o caso de Elisabeth Blanctorche.


O passado e o presente de Ash e Elisabeth na fanart de Nishita

Shion, que fez sua estreia em The King of Fighters' XI, foi inicialmente pensado para ser a filha de Ron, o traidor do Clã Hizoko. Entretanto, por algum motivo, a SNK decidiu mudar o seu gênero, transformando-o em um homem, trazendo assim mais um personagem andrógino para a franquia.


Shion é um dos membros mais importantes do Those From the Past

Com relação ao chefe final de The King of Fighters' Maximum Impact 2, o ilustrador do jogo, Falcoon, revelou que seu design normal foi idealizado para passar a impressão de ser um inseto cascudo, como uma barata, enquanto seu modelo alternativo se tornou uma mariposa para contrastar com a borboleta de Luise Meyrink.


Concept art com os visuais idealizados para Jivatma

Esse design alternativo, segundo Falcoon, foi criado próximo ao final do desenvolvimento do personagem. Esse modelo acabou se originando em razão da ambiguidade de gênero da performance vocal japonesa de Jivatma e comentário ao improviso do escritor Akihiko Ureshino sobre o design geral do líder de Kusiel




Em março de 1996, a Visco Games lançava um jogo de luta chamado Breakers Revenge. O game é bastante obscuro na cena Arcade e NeoGeo, devido aos seus visuais e designs de personagens pouco inspirados. Apesar disso, ele conseguiu um expressivo número de seguidores graças à sua jogabilidade sólida.

Entre os vários personagens disponíveis está Pielle Montario, um rico aristocrata francês que ostenta um visual parecido com Zorro (sem o chapéu), além de possuir habilidades com esgrima. 


Pielle Montario tem movimentos e voz bastante estereotipados


Além do modo peculiar de lutar, Montario também tem uma voz delicada, o que acaba levantando suspeitas sobre a sua sexualidade.






Assim como Pille Montario, Jean Pierre também possui a mesma nacionalidade e é amante de rosas, mas o que o torna diferente do loiro de Breakers é que a habilidade. Oriundo da franquia Fighters History, produzido pela empresa Data East, ele é um ginasta que entra em um torneio de luta para testar as suas habilidades. Isso ocorre após inesperadamente marcar 9,98 de pontuação em uma das competições que participou. 


Assim como a grande maioria dos personagens, Jean Pierre também foi acusado de ser plágio de lutadores de Street Fighter

O que chama a atenção aqui e a sua personalidade narcisista e seu modo arrogante com os adversários, incluindo o elenco feminino do jogo.


"Você seria uma garota tão legal se tivesse um pouco mais de classe", Jean para Yungmie.

"Desculpe não termos tido tempo para conversar mais, minha querida!", Feilin

 

"Considere-se com sorte, minha amiga. Da próxima vez, não serei tão gentil!", Ryoko





Mas nem só de insinuações vivem a indústria do entretenimento. Há também espaços para casais assumidos, como é o caso de Arlequina (Harley Quinn) e Hera Venenosa (Poison Ivy), duas das maiores vilãs da DC Comics.



Espantalho: "Bela jogada, Hera."
Arlequina: "Ruiva, você tá com eles?"
Hera Venenosa: "Diziam que o seu parceiro Bruce iria cuidar melhor do Verde. Mas tudo o que ele fez foi remodelar as selvas de pedra de Gothan e Metrópolis. Na minha opinião, não são muito diferentes, ele e o Superman."
Arqueiro Verde: "Se acha que seus novos amigos ligam pro Verde, seu cérebro precisa de adubo."
Hera Venenosa: "Grodd cumprirá o prometido ou ele será a próxima vítima."
Arlequina: "Ah ruiva. Porque me obriga a isso?"
Arlequina: "Eu vou tirar você daqui, vai. Podemos trabalhar juntos de novo, enlouquecer os garotos, sabe? Como nos velhos tempos..."
Hera Venenosa: "Os velhos tempos eram divertidos... Mas hoje em dia eu só jogo sério."

Em dos arcos dos quadrinhos da editora, Harleen Quinzel acaba saindo de relacionamento abusivo com o Coringa (Joker), passando a assumir um romance com a especialista em botânica Pamela Isley. Essa união é mencionada em troca de diálogos entre as duas no game Injustice 2



Arlequina: "Achei que éramos amigas"

Hera Venenosa: "Pensei que a gente fosse mais que amigas"

Arlequina: "Agora acabou"


Hera Venenosa: "Ah, o que eu faço com você?"

Arlequina: "Não lutar? Mudar de lado? Casar?"

Hera Venenosa: "Nenhuma das alternativas, lindinha."


Arlequina: "Dra Isley"

Hera Venenosa: "Dra Quinzel"

Arlequina: "Uh, adoro quando brincamos de médico."

 

Um fato importante a mencionar nesse caso é que o namoro das duas caiu tanto no gosto do público que ambas são hoje tidas como ícone da cultura LGBTQIA+.  




Mulher Gato: "Arlequina, tá bem?"
Hera Venenosa: "Doce, doce Arlequina. Dessa vez você será uma boa menina para a mamãe..."
Arlequina: "E ai, criançada! Vamos brincar de "uni duni tê... MORTE"!"
Hera Venenosa: "Arkham nos trouxe tantas memórias, Selina. Aliciando guardas, pôquer noturno... Terapia de choque obrigatória..."
Hera Venenosa: "Ah, é mesmo. Você foi poupada. Tudo graças ao seu bofe bilionário."
Mulher Gato: "Eu não pedi tratamento especial."
Ciborgue: "Tô de saco cheio desse chororô."
Hera Venenosa: "Você está louco pra me machucar, né, Homem de Lata? Mas o que perdeu não vai voltar. Principalmente abaixo da cintura..."
Hera Venenosa: "A pobre Arlequina cheio as rosas erradas, e agora está em choque." 
Hera Venenosa: "Tchau, tchau, bonequinha."
Mulher Gato: "Mantenha ela viva. Isso é pessoal."
Mulher Gato: "A Arlequina era sua amiga. Ela te amava!"
Hera Venenosa: "Não tenho mais amigas, Selina. Tudo que me resta é o verde"




Assim como o caso de Arlequina e Hera Venenosa, Groove on Fight também nos apresenta o que podemos considerar o primeiro casal abertamente gay dos jogos de luta.

Rudolph Gartheimer é um milionário alemão de 43 anos que possui um visual dark. Ele é um homem conhecido por sua agressividade excessiva, porém, a única pessoa que enxerga o seu lado mais sensível é o seu fiel servo, Damian Shade.




Na própria biografia de Rudolph é destaca que Damian Shade é mais que um servo. O jovem foi adotado pela família Gartheimer ainda pequeno, sendo um rapaz extremamente sensível e que gosta de cultivar rosas.





Rudolph foi o responsável por seu treinamento e acredita-se que foi a partir daí que relação de amor entre eles se consolidou.
 
 


Para alguns apreciadores de Fighting Games, Granblue Fantasy Versus pode ser considerada a franquia mais gay dos videogames. Ao todo, o jogo apresenta seis LGBT's, sendo dois personagens trans, duas lésbicas e dois bissexuais.

Comecemos a lista por Lavida, a estrela do Jewel Resort Cassino, um cruzeiro de luxo que abriga um espetacular ringue de luta. Ela é uma mulher trans que usa o seu estabelecimento para espalhar o amor e a bondade por meio da luta.
 

Ladiva é a fabulosa lutadora do amor do mundo de Granblue

 
Ladiva faz parte de uma das quatro raças dominantes do mundo de Granblue, os Draft. Os seres deste grupo possuem uma genética física robusta, com porte físico bastante definido. Mesmo quando Cagliostro ofereceu ajuda para a redefinição de gênero por meio de alquimia, ela recusou a oferta, justificando que este foi o corpo que seus pais lhe deram que se aceita e se ama da forma como veio ao mundo.
 
Ladiva e sua amiga, a alquimista trans Cagliostro
 
 
Assim como Ladiva, Cagliostro também é uma mulher trans. Ela nasceu como um menino com uma doença terminal, mas que acabou construindo um corpo feminino perfeito por meio da alquimia.
 
 
Cagliostro é conhecida por seu grande conhecimento em alquimia
 
 
Ainda segundo os criadores da franquia, mesmo uma personalidade rancorosa e mesquinha, Cagliostro se vê como uma mulher, reforçando ainda mais a sua natureza trans.
 
Com relação a Katalina Aryze, é revelado que a personagem é a leal guarda-costas de Lyria, uma das personagens principais da série, e tida na franquia como bissexual pelo fato de nutrir um sentimento secreto por outra lutadora, Vira Lillie, que é abertamente lésbica.
 
 
Katalina é um forte sentimento por sua amiga, Vira
 
Completam a lista os lutadores Belial, um dos antagonistas de Granblue e que demonstra interesse tanto por homens quanto mulheres; e Yuel, a caçadora de tesouros que busca reviver sua linhagem real e que tem um relacionamento com Societte, uma personagem não jogável. 
   
O antagonista do jogo, Belial

Yuel e a sua companheira, Societte
 
 




Oriunda de Fighting EX Layer, Sharon é uma mulher que vive uma vida dupla como uma freira que cuida de crianças órfãos em um mosteiro e uma agente de classe A que atua para um grupo secreto de inteligência. Sua história é carregada de traumas, como o fato de ter sido separada de seus pais ainda pequena. Desde então, seu único desejo era se reunir novamente com sua família e aprender sobre seu passado. 

Na série Street Fighter EX, Sharon descobre que um membro chave de uma organização criminosa possui a mesma tatuagem de rosa que a sua. Com isso, ela vai atrás desse misterioso homem e acaba tomando conhecimento de informações vitais sobre as suas origens.

Visuais idealizados para Sharon em Street Fighter EX


Em Fighting EX Layer, Sharon aparece um ano depois do lançamento do jogo, em 2019, como DLC. Dentro do enredo, ela se une a Vulcano Rosso, Area e Pullum Purna para entender a sua conexão com Shadowgeist. No final de tudo, a agente descobre que o nome verdadeiro é Seren, e que é a filha perdida do impiedoso vigilante.

Sobre a sexualidade de Sharon, é dito no jogo que ela possui um amante (ou uma amante). No entanto, Andrew Fidelis, o responsável pela tradução do game, revelou em seu canal no Twitch que a ruiva é lésbica.





Órfão desde muito jovem, Venom acabou sendo recrutado pela Assassin's Guild, um sindicato formado assassinos profissionais. Entretanto, o rapaz teve dificuldades para realmente se sentir incluído no clã, uma vez que a sua sensibilidade limitava os seus talentos.


Venom e Milla, na fanart de Danbooru


Os líderes da Assassin's Guild chegaram a pedir a cabeça de Venom, fato que não aconteceu graças a Zato-1, que naquele momento assumia a liderança do grupo. Por essa atitude, o rapaz se via no dever de tornar-se o discípulo mais leal de Zato-1, um sentimento acabou virando um amor não correspondido, uma vez que seu líder tinha um relacionamento com Milla.


Venom e seu mestre Zato-1, na fanarte de MadiBlitz


Até Guilty Gear Xrd, Venom era integrante ativo da Assassin's Guild, ajudando em várias missões. Ao fim deste capítulo, ele decidiu largar o grupo para viver uma vida comum, abrindo uma padaria com Robo-Ky.


Venon e Robo-Ky também dão o ar da graça em Guilty Gear - Strive - 





Quem olha essa fofurinha vestida de freira não imagina que Bridget é na verdade um menino. A explicação dada pelos roteiristas de Guilty Gear foi a de que o nascimento de gêmeos do mesmo sexo é considerado má sorte na aldeia onde ele nasceu. Por esse motivo, o garoto acabou sendo criado por sua família como uma menina.

De acordo com o criador da franquia, Daisuke Ishiwatari, a ideia era criar personagens variados para o leque da franquia, surgido assim Bridget, um garoto que ao crescer decidiu mostrar para todos que poderia ser um bom caçador de recompensas.


Bridget por muito tempo confundiu a cabela dos fãs de Guilty Gear


Bridget é inclusive um os personagens mais queridos da série e frequentemente listado no rol dos personagens LGBT's dos videogames, tamanha a sua aceitação pela comunidade.








BlazBlue também é outra franquia de jogos de luta que possui casos peculiares que se confundem com a temática LGBTQIA+. Amane Nishiki, por exemplo, é um homem de 1,80 de altura, que possui uma aparência andrógina e trajes femininos.  


Amane Nishiki utiliza habilidades de dança quando está em batalha


Introduzido em BlazBlue: Chronophantasma, Nishiki é o líder de uma trupe de dança que reúne homens jovens e bonitos. Ele é chamado de Uzume (Deus da Dança) e grande parte dos membros de seu grupo são formados por órfãos que acabaram perdendo os pais para as guerras.


Grupo de dença de Amane Nishiki é formado por órfãos da guerra


Temos também a personagem Makoto Nanaya, uma garota esquilo de personalidade  extrovertida e aventureira. Dentro da história da franquia, ela foi uma espiã do Setor 7 infiltrada na Control Organization, sendo fundamental no golpe de Estado liderado por Kagura Mutsuki para entronizar Homura Amanohokosaka


Makoto Nanaya precisou enfrentar o preconceito para mostrar seu valor como espiã


Como uma demi-humana do tipo esquilo, Makoto enfrentou racismo e preconceito na maior parte de sua vida, encontrando consolo em seus dois amigos mais próximos, Noel Vermillion e Tsubaki Yayoi.


Makoto com Noel Vermillion


Embora não declarado abertamente, Makoto é vista por muitos fãs da franquia como uma personagem bissexual, uma vez que ela beijou Mai Natsume. Ela também se sente atraída por Naoto Kurogane.


Mai Natsume e Naoto Kurogane são dois lutadores que mexem com os sentimentos de Makoto 







Também não podemos esquecer ainda do caso de Taokaka, a guardiã da aldeia Kaka e a personificação da inocência no mundo BlazBlue. A personagem é a típica gatinha despreocupada e que só deseja o melhor para seus amigos e família. Sua única aspiração é proteger aqueles que ela tem em seu coração, ou que lhe oferecem comida (na sua concepção, qualquer pessoa que oferece comida é uma boa pessoa).


Taokaka  é a grande guardiã da aldeia Kaka


Como a maioria dos gatos, a rotina diária de Taokaka consiste apenas em comer e dormir, e ela pode muitas vezes se esquece de tudo que faz ou o que lhe é dito para fazer em três passos ou segundos. 



Como qualquer felino, Taokaka tem comportamentos bem inocentes


Muitos dos traços simplórios da personagem podem ser comparados a mentalidade de um gato, especialmente quando se trata de seu fascínio por coisas que lhe parecem irresistíveis ou que lhe afastam da seriedade, como um par de seios, por exemplo.


Arte de BlazBlue: Continuun Shift mostra Taokaka apalpando os seios de Tsubaki Yayoi





Engana-se quem pensa que a temática LGBTQIA+ é abordada somente nas franquias de luta de fora. No Brasil, temos como exemplo o Trajes Fatais: Suits of Fate, game em produção pela empresa indie Onanim Studio.

Antes de entrarmos na tema proposta por esse artigo, vamos a uma rápida explicação da trajetória da franquia. O game utiliza o tradicional 2D em Pixel Art, como todo o processo gráfico de cenários e movimentação de personagens feito à mão. Ele teve algumas versões de teste lançados ao longo dos últimos anos e sua campanha de financiamento coletivo foi uma das mais bem sucedidas do país, arrecadando R$ 114.444, valor acima dos R$ 80.000 estipulados como meta.


Campanha de financiamento coletivo de TRAF foi realizada em 2017


Em outubro do ano passado, os principais membros Onanim vieram a público informar que o jogo sofreria atraso por duas situações. Além dos problemas ocasionados pela pandemia da Covid-19, houve ainda a constatação de que a empresa havia sido alvo de um golpe dado por um ex-funcionário, que resultou na perda de R$ 48 mil do valor que conseguiram arrecadar em 2017.

Na época, o diretor da empresa, Onno Paiva, revelou que as partes entraram em acordo e que ficou determinado que o valor seria devolvido a Onanim, mas que esse seria um processo demorado.



"Entramos em acordo de que terá que repor tudo. Isso já foi iniciado, porém não será uma reposição imediata, mas em várias prestações", declarou ele a site START, do Portal de Notícias UOL.

Sobre a trama, a história de TRAF se passa em um baile de fantasias organizado por Wagner Clarimond, prefeito da cidade de Apolínea do Sul. Essa festa foi idealizada para comemorar o aniversário de sua filha, Natália Clarimond, uma linda jovem de cabelos ruivos. Parecia mais comemoração normal até que uma misteriosa divindade decide conceder poderes aos convidados de acordo com os trajes que estão usando. 


Wagner Clarimond e sua filha, Natália


Abordar a temática de fantasias foi o artifício mais bem aplicado pela equipe da Onanim, uma vez permitiu não só trazer as culturas populares do Brasil, como também imprimir o conceito de diversidade no jogo, pois o jogo reúne desde a cultura afro a questões ligadas ao empoderamento feminino e inclusão de padrões que não se encaixam em "estéticas aceitáveis", como as pessoas Plus Size.  


Ilustração mostra a força das mulheres em TRAF


Com relação a cultura LGBT, temos uma questão implícita relacionada ao personagem Cristiano Martins, que é um dos lutadores principais da franquia. Ele é descrito como filho de uma respeitável família e o par imperfeito de Lucy Fernandez, uma jovem que transpira rebeldia e intensidade.


"Cristiano contrasta com Lucy como água e fogo, numa relação nem sempre agradável", destaca a biografia do personagem


Na festa, ele acaba recebendo os poderes de um anjo, um dom celestial em meio aos pecados que sua cidade se encontra mergulhada. Também é dito em sua biografia que o jovem pouco sorri, "pois carrega uma angústia tão pesada como um par de asas fechadas".

Em conversa com o BLOG, Onno Paiva revelou que a primeira leva de personagens do jogo foi idealizada em uma época que não se falava tanto em diversidade e que as coisas foram se transformando com o passar do tempo, graças a uma série de observações dos roteiristas responsáveis pela trama.

"Na data do dia de combate a LGBTfobia [17 de maio], eu até fiz uma postagem nas redes sociais falando da importância do combate a violência contra as pessoas LGBT, e eu coloquei ele [Cristiano Martins] nessa publicação, pois era o único personagem que externava isso. Hoje há uma variedade de personagens da comunidade LGBTQIA+, mas dificilmente coloco isso de modo tão explícito, pois acredito que o mais interessante é que isso seja descoberto durante a trama, ou que isso nem seja o rótulo inicial do personagem", disse.

Outro fato que pode evidenciar uma inclinação bissexual para Cristiano é sua versão B-Side, descrita como "O Íncubo Lascivo". Essa versão "maligna" parece querer livrá-lo de suas amarras, tornando-o alguém que não tem medo de ser o que realmente é. 


A versão B-Side de Cristiano é descrita como "Íncubo Lascivo"


Fizemos este questionamento a Paiva, que ponderou ressaltando que, caso seja necessário abordar o tema, ele será mostrado de uma forma orgânica.

"Não pretendo fazer 'Queen Bait', de só insinuar a relação dos personagens. Acho que já no primeiro TRAF, vou mostrar muita coisa, mas eu gosto quando esse tipo de temática é colocada de uma forma orgânica em uma trama. Você é apresentado a um personagem e no desenrolar das sequências presencia a sua relação com outros lutadores e como isso é tratado com a mais extrema normalidade", completou.



Para encerrar esse artigo, vamos falar sobre o Ash de Street of Rage 3, que assim como a Poison de Final Fight, também foi mais uma criação estereotipada direcionada para o gênero de luta.
 

Ash foi indroduzido como um dos chefes de Streets of Rage 3


Ele é um vilão que usa roupas de couro, um enorme medalhão do símbolo masculino (Aparentemente para indicar a sua preferência sexual), leggings e salto alto. Seus movimentos de luta são os mesmo de uma bailarina. O personagem nunca mais fez  aparições oficiais.

E esse foi o nosso artigo especial em comemoração ao Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. Se você gostou do que leu, compatilhe com os seus amigos. O BLOG buscou o maior número de exemplos para mostrar que existe espaço para a comunidade em todos os segmentos.


REFERENCIAIS



Comentários

  1. Seria maravilhoso se tivéssemos um game só com estes personagens! Quem me conhece sabe que Amane de BB, Ash do KOF e Poison de SF sempre estão entre os meus personagens favoritos. Curto demais todas as sutilezas que são apresentadas nos enredos e nos backgrounds de personagens. Obrigado pelo artigo é excelentíssimo!

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  2. Entre Mature e Vice só Mature realmente é bi, aquele filme tosco nem é considerado.

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