OPINIÃO: A SALVAÇÃO DE TRAJES FATAIS DEPENDE UNICAMENTE DE SEU CRIADOR

Artigo atualizado às 10h20 deste terça-feira, 28 de maio.

 

Como fã de jogos de luta, tento ao máximo acompanhar as informações de tudo que ocorre dentro do gênero, desde os anúncios das grandes desenvolvedoras a produções de empresas independentes. Esse último grupo, por sinal, voltou a monopolizar a atenção da comunidade brasileira após a publicação de mais informações da conturbada jornada do game Trajes Fatais.

Venho acompanhando as notícias em relação ao projeto desde 2018, quando tive a oportunidade de relatar que personagens de um concurso promovido pela página Power Geyser, da qual tenho orgulho de colaborar, apareceriam em cenários do jogo. Inclusive entrevistei o diretor responsável, Onofre Paiva, para um artigo especial sobre lutadores LGBTQIAPN+.

Ao meu ver, Onofre é um cara que possui ideias genuínas e isso fica bastante explícito quando se propõe a dar detalhes sobre TraF. Entretanto, nota-se que isso o deixa em looping eterno quanto ao processo de desenvolvimento de sua própria obra, e o sinal de alerta na minha cabeça se acendeu no mais recente vídeo publicado por ele no YouTube.

 


Fazendo um pequeno resumo, Trajes Fatais é um jogo cujo desenvolvimento se arrasta há 15 anos, com um processo que inclui recebimento de verba pública de um edital de cultura, várias tentativas de recrutamento de equipe, algumas builds lançadas, uma exitosa campanha de financiamento coletivo e as saídas repentinas de colaboradores.

Estamos hoje em 2024 e até o momento nenhuma previsão de lançamento é informada, o que não só frustra as pessoas que gentilmente apoiaram o projeto, mas também o mercado de jogos independente que ainda acredita nele. A impressão que fica é que tudo se resume a falta de um único elemento: O PLANEJAMENTO.

 


Até entendo a pressão que passa na cabeça do Onofre, pois não deixa de ser uma pessoa boníssima. No entanto, uma iniciativa como essa precisa as vezes de uma transferência de responsabilidade para alguém que estabeleça datas, que assuma a engrenagem da produção e que se comunique de forma clara com o público, principalmente pelo bem de sua saúde mental.

O próprio diretor assume em seus vídeos sua fragilidade, e acho que esse é o momento de reconhecer a necessidade de ajuda. Concordo que por uma questão de perfeccionismo, é seguro manter as rédeas das ideações e difícil largá-las ou transferi-las. No entanto, até mesmo as franquias mais consolidadas no mercado não são 100% perfeitas. Mortal Kombat 1 é um exemplo claríssimo disso. 

A franquia pertence a um dos maiores conglomerados midiáticos do mundo, a Warner Bros. Discovery, com acesso a recursos financeiros quase que ilimitados e uma equipe gigantesca. No entanto, nem mesmo isso fez com que o jogo passasse por críticas pesadas desde o seu lançamento, em setembro do ano passado.

 


Hoje, o game parece estar mais nivelado em seu planejamento, mesmo com uma falha ou outra, principalmente em relação a forma como a comunicação fala com o público. Esse é o ponto que o diretor de TraF precisa entender de forma definitiva.

Concordo que o artista merece seu destaque, a sua valorização, o seu reconhecimento. Entretanto, todo o conjunto é essencial para que a obra seja eterna. E se tratando de um game, o bom conjunto é a chave para chegar a esse objeto.

Eu realmente espero que TraF não morra, até para que não se torne uma mancha no mercado de jogos independente do Brasil. Reconhecer os erros e agir com lucidez é necessário nesse momento, até para o legado que Onofre pretende deixar para a comunidade se concretize.

Comunique-se melhor com o seu público e eles voltarão a ter confiança nas suas palavras.

 

Minervaldo Lopes

Idealizador do BLOG      

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