#EspecialDoBLOG – A EVOLUÇÃO DO EMPODERAMENTO FEMININO NOS JOGOS DE LUTA


A importância do papel da mulher no contexto social é um assunto que deve ser debatido todos os dias, no entanto, o Dia Internacional da Mulher, que este ano foi comemorado nessa segunda-feira, 8, é certamente a data com maior peso para levar a reflexão sobre os avanços conquistados por elas ao longo de várias décadas.

Em todos os lugares, elas já são maioria, e grande parte delas desenvolvem as mesmas funções que as dos homens, sempre com maestria, não deixando a desejar em nenhum sentido. Na indústria do entretenimento, a sua figura exerce uma influência tão forte que dificilmente veremos alguma produção onde uma mulher não se destaque, seja por vilania ou heroísmo soberano. 


Mulher Maravilha, uma criação dos quadrinhos da DC Comics, tem é tida até hoje exemplo de empoderamento feminino

Mas e nos jogos de luta? Há espaço para destacar esse tipo de coisa? Para falar mais sobre esse assunto, o BLOG decidiu listar alguns exemplos de franquias que passaram a dar mais ênfase na desenvoltura dessas personagens, mostrando-as não somente como rostinhos bonitos e corpos estonteantes. Comecemos inicialmente pela série Mortal Kombat, que é sem dúvida alguma a que mais evoluiu nesse quesito.

Quando Mortal Kombat 9 foi lançado, muita coisa foi melhorada pela equipe da NetherReal Studios, tanto em aspectos gráficos quanto na forma de contar a história do jogo. A desenvolvedora decidiu remontar toda a mitologia da franquia, amarrando pontos que havia ficado soltou na linha temporal anterior. Apesar disso, o game ainda pecava por apostar no velho clichê das moçoilas de decotes avantajados e roupas cavadas, o que para algumas pessoas chegou até ser incômodo. 


Apesar de muito comum nos anos 90, a utilização do sexy appeal em produtos do entretenimento é bastante criticada nos dias atuais

Tudo realmente começou a mudar a partir de Mortal Kombat X, que preferiu seguir um rumo diferente não só para a história da sua nova timeline, decidindo apostar em uma nova geração de heróis que mesmo tendo relação com figuras importantes, ainda assim mostrava uma ótica original para os fãs.

Dentre as principais figuras da "Patrulha Salvadora" do Plano Terreno estava Cassandra Cage, filha de Sonya Blade e Johnny Cage, os dois únicos sobreviventes da batalha contra Shao Kahn. Devido ao ofício de sua mãe, a jovem decidiu seguir seus passou, tornando-se sargento das Forças Especiais. 


Cassie Cage acabou se destacando como a principal heroína de Mortal Kombat X

Por sinal, Cassie foi quem ostentou o título de protagonista do jogo, mesmo que a intenção tenha sido explorar a performance de cada um dos membros do time dos heróis (Takeda Takahashi pelo Shirai Ryu, Kung Jin pela Lótus Branca, e Jacqui Briggs pelas Forças Especiais). Foi ela inclusive quem derrotou Shinnok em sua versão mais poderosa salvando assim o Plano Terreno de sucumbir a trama formada pelos agentes do Submundo.

Graças ao poder de seus ancestrais, Cassie consegue derrotar Shinnok em sua versão corrompida

MKX também elevou outras lutadores em grau de relevância. Jacqui Briggs, por exemplo, entrou para as Forças Especiais mesmo sem consentimento de seu pai, Jax Briggs, que ainda guardava as marcas de ter sido um espectro de Quan Chi; Sonya Blade acabou virando general da F.E, um mérito que lhe trouxe reconhecimento e conflitos familiares na mesma proporção; Mileena virou a impiedosa imperatriz e Exoterra após a morte de Shao Kahn e tamanho descontrole fez com que sofresse o golpe que a destronou; e D'Vorah, uma criatura Kyttinn que tornou-se general de guerra do novo imperador, Kotal Kahn.


Jacqui Briggs, Sonya Blade, Mileena e D' Vorah foram outras personagens que se destacaram em Mortal Kombat X

O sucesso do poder feminino no jogo seguiu para o game seguinte, Mortal Kombat 11, que ainda não teve sua história encerrada pela NetherRealm. Além de minimizar quase que por completo a sexualização das personagens femininas, a desenvolvedora prosseguiu dando maior relevância a elas dentro da história.


Apesar de gerar polêmica, o visual mais vestido não comprometeu em nada a beleza das personagens

Kitana, por exemplo, virou Kahn após derrotar Shao Kahn, um processo que não foi tão simples, já que ela precisou dialogar com Baraka e Sheeva para obter o apoio das raças Tarkatan e Shokan na batalha. Uma pena que seu reinado durou pouco, já que ela acabou sendo destronada em Aftermath.


Kitana assumiu o trono da Exoterra após derrotar Shao Kahn

Outras duas personagens que também ganham destaque foram Jade e Skarlet. A primeira manteve-se fiel a amiga, Kitana, ganhando o título de conselheira do reino após a queda de Shao Kahn. Já Skarlet ressurgiu na mescla temporal de Kronika como a general de guerra do Kahn, posto que habitualmente era de Baraka.


Jade e Skarlet desenvolveram papéis similares em lados diferentes na história de Mortal Kombat 11

Falando em Kronika, esta personagem foi um marco para a franquia, pois foi a primeira final boss de um jogo de MK. Apesar de sua desenvoltura não ter sido das melhores e seu conceito inicial ter sido pensado em um personagem masculino, ela foi a intenção da NetherRealm de dar uma guinada nos perfis de gênero da franquia.


Kronika entrou para a história de MK ao ser a primeira final boss de um game da franquia
  

Também não podemos esquecer de Sheeva, que de simples serva na timeline 1 passou a ser rainha do povo Shokan na timeline 2, um feito que foi conquistado após vencer inúmeras batalhas. 


Sheeva foi sem dúvida a personagem que mais evoluiu de patente dentro da nova timeline de Mortal Kombat

Outra série que deu uma melhorado no modo de como apresentar o seu elenco feminino foi Street Fighter, que ganhou um modo história cinematográfico no seu quinto episódio. O destaque aqui vai para Karin Kanzuki, que exerceu uma função que foi muito além de um mero papel secundário. Foi ela que auxiliou os heróis nas pistas que indicavam a tentativa do plano de dominação de Bison, disponibilizando tanto seu apoio de pessoal quanto tecnológico.  


Karin desenvolveu papel crucial para as missões dos heróis em Shadaloo Falls

Além da loira, quem brilhou na história de Shadaloo Falls foram Kolin/Helen, que no decorrer dos capítulos contribuiu para a trama com o seu lado doce e misterioso, e a nossa querida Chun Li, que teve seu lado protetor explorado de forma mais clara.

Outras duas lutadoras que foram bem exploradas em Shadaloo Falls foram Kolin e Chun Li

Passando de Street Fighter, vamos para Tekken, que mesmo não tendo destacado uma mulher como protagonista, tem um panteão interessante que ainda pode ser explorado futuramente.

Dentre as figuras mais fortes do elenco está Nina Williams, que inclusive ganhou um jogo solo chamado Death by Degress, que teve uma trama voltada para o passado da assassina loira que mais tarde seria contratada pela Mishima Zaibatsu, tanto no comando de Jin Kazama (Tekken 6) quanto de Heihashi Mishima (Tekken 7).


Nina foi a única personagem mulher a protagonizar um jogo solo

Outra que também merece destaque é Jun Kazama, mãe de Jin Kazama. Sua história tornou crucial para o desenrolar de parte da trama envolvendo a rivalidade entre os Mishima. Além disso, ela é o grande destaque do spin-off Tag Tournament, desempenhando o papel da final boss Unknown.


No último desafio de Tekken Tag Tournament 2, Jun se revela com a entidade Unknown

Também temos que lembrar de Ling Xiaoyu e Alisa Bosconovitch, que protagonizaram a animação Tekken: Blood Vengeance, cuja história está inserida entre os eventos de Tekken 5 e Tekken 6. 

Em Blood Vengeance, Ling Xiaoyu e Alisa Bosconovitch mergulharam de cabeça nos mistérios que envolvem a família Mishima

Por fim, vamos citar The King of Fighters, que também é uma das franquias mais clássicas do gênero, mas que ainda não destacou uma personagem mulher para protagonizar um arco da cronologia principal.

O máximo que tivemos dentro da cronologia principal foi uma participação mais decisiva das personagens Chizuru Kagura, que foi a principal guia de Kyo Kusanagi e Iori Yagami na luta contra Leopold Goenitz e Orochi; Kula Diamond, uma arma da NESTS que acabou adquirindo consciência própria após os eventos de The King of Fighters' 2000; e Elisabeth Blanctorche, que ingressou no torneio para entender as ações de Ash Crimson.


As três sagas anteriores de KOF tiveram mulheres como personagens de apoio para os protagonistas

Vale lembrar ainda que fora da cronologia principal da franquia, nós tivemos a Moe Habana da Série EX, que funcionava como uma aliada de apoio de Kusanagi nos dois títulos do Game Boy Advance; Lien Neville, uma assassina oriunda de Maximum Impact que acaba descobrindo que seu chefe e pai adotivo, Duke Burkoff, foi responsável pela morte de seus pais biológicos; e Luise Meykink, uma misteriosa mulher que ajudar o protagonista Alba Meira a lidar com a misteriosa organização conhecida com Mephistopheles.

Lien Neville, Luise Meyrink e Moe Habana se destacaram em spin-offs de KOF

Em resumo, as desenvolvedoras estão sabendo aproveitar o feedback da comunidade para tornar suas personagens femininas mais interessante. No entanto, é preciso dar maiores votos de confiança a elas. Bandai-Namco e NetherRealm Studios já romperam a casca desse ovo e esperamos que as demais também tomem essa iniciativa, pois elas são realmente merecedoras de destaque. 

A todas as mulheres, gratidão e felicidades por esse dia.


Minervaldo Lopes
Idealizador do BLOG DO REAL MINER


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