OPINIÃO: QUANDO A CRÍTICA ESCALA PARA O TOM DO EXAGERO, É HORA DE REPENSAR E VER SE ESTAMOS SENDO JUSTOS
Fatal Fury regressa ao cenário da FGC (Fighting Game Community) após um período de pouco mais de 20 anos na geladeira. A franquia têm a sua óbvia importância na construção do gênero, sendo uma obra que se originou da cabeça de ninguém menos que Takashi Nishiyama, o criador do tirânico Street Fighter.
Aparentemente, as revelações do novo título, Fatal Fury: City of the Wolves, vinham agradando aos fãs, trazendo um elenco majoritariamente formado por veteranos, com apenas dois novatos até então (Preecha e Vox Reaper). Entretanto, como já é da conduta da SNK ousar nas suas escalações, duas inusitadas surpresas explodiram a cabeça da comunidade, uma vez que ambas se tratam de personalidade do mundo real.
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Roster Base de FF: CotW até o presente momento |
Parece legítima a queixa de parte dos amantes da série sobre as circunstâncias que levaram a desenvolvedora trazer Cristiano Ronaldo, cuja a presença no jogo era dada como certa; e DJ Salvatore Ganacci, que até então aparecia apenas como consultor musical do projeto, por meio de uma colaboração especial com outros artistas do mesmo segmento. Porém, a confirmação deste último como um personagem jogável expõe uma questão que se faz necessária refletir: Quando a crítica escala para o tom do exagero, é hora de repensar e ver se estamos sendo justos.
Desde o tal anúncio, venho observando os mais variados comentários da galera, e muito que me conhecem das minhas postagens no X (o antigo Twitter) e dos meus trabalhos de colaboração para a Team Power Geyser, sabem que não curto muito esse lance de convidados especiais em fighting games. Essa é uma rusga que tenho desde 2011, quando a Warner Bros. Games confirmou o Freddy Krueger como DLC em Mortal Kombat 9.
Na minha concepção, esse tipo de artifício não só tira a oportunidade de atender o apelo dos fãs que anseiam pelo recesso de um personagem querido, como mina "em partes" a capacidade criativa dos desenvolvedores de inovar na história da franquia. Fora que, em alguns casos, causa a impressão horrível do "Pagando Bem, que Mal Tem?".
Entretanto, precisamos considerar que tanto o mercado quanto o publico mudou bastante desde a era de ouro do gênero, os arcades já não somam tanto em receita para as desenvolvedoras e as colaborações acabam por atrair públicos que não são tão apreciadores de jogos de luta.
No caso da SNK, temos que analisar a desenvolvedora foi incorporada ao conglomerado da EGDC (Electronic Gaming Development Company), empresa de propriedade do príncipe da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman, adotando novas e ambiciosas políticas de mercado que tem como finalidade posicioná-la entre as 10 maiores publishers do mundo, no prazo de 10 anos. Já era bastante óbvio que o caminho seria esse, incluindo investir em parcerias que elevem seus jogos a outro patamar, como ficou evidenciado no anúncio de colaboração com CR7.
Outra reflexão aqui, pelo menos para mim, é o fato de soar estranho observar o comportamento de parte dos fãs em relação a gostos, pois ambos os anúncios ilustram a máxima do "Dois Pesos e Duas Medidas".
Com o jogador, por exemplo, a 70% dos comentários que observei foi de "Meu Deus?! O que tá acontecendo?! O CR7 virou mesmo lutador?!", e "Caraca, o trailer já tá batendo 1 milhão de views. Isso vai ajudar a vender pra caralho!"; enquanto o do DJ recebeu um hate enorme, com comentários do tipo: "Quem é esse maluco?", "Que porra é essa?!" e "Isso foi longe demais! Esse jogo tá virando um lixo?!".
Até concordo que colocar duas celebridades ao invés de personagens carismáticos e tão aguardados de fato é muito triste, mas também acho muito exagerada essa reação xiita de afirmar que o jogo ficou ruim por conta disso, e até mesmo sugerir um boicote. Meus colegas de trabalho inclusive são prova da minha cara de WTF que fiz enquanto assistia o trailer do Salvatore Ganacci, mas depois passou e aproveitei para pesquisar sobre o rapaz. Me surpreendi com algumas coisas dele que foram transportados para o jogo, fazendo-me lembrar do trabalho que a NetherRealm Studios fez com a DLC do Ghostface para Mortal Kombat 1.
Eu concordo que sim, a lore de jogo é algo sagrado e que precisa ser preservada, mas acho que as pessoas precisam levar menos a sério o entretenimento, seja qual ele for, pois o mundo anda muito desprazeroso por conta dessa reatividade exagerada.
No fim das contas, isso nem tira tanto o valor de uma obra como Fatal Fury que, quer queira ou não, é uma das franquias que ajudaram a fortalecer o gênero Fighting Game na indústria. Então minhas crianças, desopilem pelo bem de vocês mesmas.
Minervaldo Lopes
*Idealizador do BLOG DO REAL MINER
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