SEGREDOS DE BASTIDORES REVELAM POR QUE MORTAL KOMBAT: ANIQULAÇÃO FRACASSOU



Mortal Kombat foi a primeira franquia de luta a obter notoriedade nos cinemas e ajudar a popularizar as adaptações de jogos dos videogames para as telas grande. Entretanto, sua sequência, intitulada de "Mortal Kombat: Aniquilação", fracassou na missão de perpetuar o gênero por mais tempo.



 

Com efeitos especiais inacabados e um cronograma de produção atrofiado, a produção ficou bem longe do ideal, trazendo o temor de que a franquia nunca mais pudesse ter uma nova chance. Felizmente, Mortal Kombat 2021 conseguiu trazer a sangrenta saga criada por Ed Boon e John Tobias de volta, mesmo que o roteiro do reboot não tenha seguido fielmente o original. O Canal Looper trouxe em seu mais recente vídeo alguns segredos de bastidores que ajudam a elucidar o porque a continuação de 1997 ficou bem abaixo do que os fãs realmente mereciam.




As informações abaixo são baseadas em entrevistas e em trechos contidos no livro "Light, Camera, Game Over!", lançado em 2017, e foram separadas por tópicos para ajudar você a se situar um pouco das situações que ocorreram durante a pré e pós-produção do filme da New Line Cinema.

 

DESISTÊNCIAS E CONTROVÉRSIAS

Depois do grande sucesso de "Mortal Kombat" de 1995, a New Line tratou de providenciar a sua continuação. A ideia era manter todos do elenco anterior para a nova trama, no entanto, muita coisa não saiu como planejado, fazendo com que a produção fosse reformulada.

Linden Ashby (Johnny Cage) e Christopher Lambert (Raiden), por exemplo, se recusaram a retornar para franquia, sendo substituídos por Chris Conrad e James Ramer respectivamente.



Ao livro "Light, Camera, Game Over!", o produtor do filme, Lawrence Kasanoff, revelou que a troca no intérprete de Raiden ocorreu em decorrência de um conflito de agenda de Lambert. No entanto, após o lançamento de "Aniquilação", o ator citou que desistiu do projeto após avaliar o roteiro proposto, que para ele estava malfeito. A mesma justificativa também foi dada por Ashby, que ainda contou que estava aberto para reprisar o papel, mas que o produtor não quis honrar com o seu contrato para a sequência. 

 

A MORTE DE JOHNNY CAGE

Chris Conrad foi o ator escalado para substituir Linden Ashby como Johnny Cage. Ambos são parecidos em todos os sentidos, fazendo com que os fãs não estranhassem a substituição. Entretanto, a participação do ator é curta, uma vez que seu personagem é brutalmente morto por Shao Kahn logo na abertura do filme.

Em entrevista ao site Killerfilm, em 2011, Conrad relembrou a cena, fazendo o seguinte comentário:

 


"Sim, quebrei meu pescoço em tempo recorde. Eu disse às pessoas quando saiu para 'pegar sua pipoca e passar após os primeiros 10 minutos, para que você não sinta a minha falta'", disse.

 

Sobre a morte do personagem, Lawrence Kasanoff revelou que o desfecho foi proposital, justamente para criar um impacto forte nos fãs. Acredita-se inclusive que haviam planos para que Cage retornasse a aparecer no filme como um fantasma, o que provavelmente foi descartado depois.

 

SOBRECARGA E ACIDENTES

Outro ator que foi escalado para "Aniquilação" foi J.J Perry. No filme de 95, ele foi recrutado para compor a equipe de dublês responsáveis pelas coreografias de luta, e na sequência ganhou uma chance de ouro após Chris Casamassa (Scorpion) assinar contrato para fazer parte de "Batman & Robin". Além do próprio Scorpion, Perry também interpretou os personagens Noob Saibot e Cyrax. A jornada tripla, no entanto, trouxe uma consequência dolorosa.




Durante uma das sequências de luta, o ator acabou torcendo o tornozelo após topar em um cabo de força. O acidente teria ocorrido por causa máscara do ninja cibernético, que inibia a sua visão nas cenas de ação. Esse fato, inclusive, acabou prejudicando o que estava planejado para o confronto entre Scorpion e Sub-Zero




Segundo entrevista de Chris Casamassa ao site Upcomer.com, a cena de luta entre os personagem originalmente teria uma duração maior e seria mais ambiciosa, porém, a duração dela acabou encurtada após o papel ser reformulado.




Além do cast de atores, as substituições da franquia nos cinemas também ocorreram em cargos maiores. O diretor do primeiro filme, Paul W.S. Anderson, deixou a sequência, dando espaço para John R. Leonetti, que havia sido o diretor de fotografia do anterior.



Embora mantenha uma postura respeitosa em relação a Lawrence Kasanoff, Anderson descreveu em "Light, Camera, Game Over!" que sua dinâmica como ele "menos do que suave", e que se sentiu contente ao ver que Leonetti havia sido promovido para dirigir "Aniquilação".


DA AMBIÇÃO A QUEDA

Enquanto o Mortal Kombat de 95 teve apenas duas locações para as suas filmagens (Califórnia e Tailândia), "Aniquilação" foi bem mais ambicioso, tendo sido rodado na Tailândia, Israel, Jordânia e Reino Unido.

Em entrevista ao GamePro no ano de 1997, Kasanoff afirmou que a inclusão de mais locações seria para dar mais escopo as cenas de ação. Isso significava que o filme teria mais cenas ambientas no universo da Exoterra (Outworld), justificando a necessidade de filmar em locais mais exóticos, criando uma estética de outro mundo.  

 



Dentre um dos locais escolhidos para rodar cenas estava uma mina de cobre abandonada em Parys Mountain, no Reino Unido. No entanto, segundo o próprio produtor do filme, as gravações acabaram prejudicadas por conta das condições climáticas do local, com direito a um acampamento da produção sendo levado pela forço do vento.




Embora tivesse a visão de que "Aniquilação" seria maior e melhor que seu antecessor, o filme de Kasanoff teve um orçamento de US$ 30 milhões, um valor considerado apertado e que trouxe alguns inconvenientes para a produção, como a redução do tempo de tela, com alguns sequências de ação cortadas quase que por inteiro.

De acordo com o co-roteirista do filme, Brent V. Friedman, as limitações de orçamento acabaram resultando em grandes cortes para o roteiro final.

 


"Me diziam: 'Ei, essa batalha épica de quatro páginas agora precisa ser uma batalha de duas pessoas com duas páginas' [...] Quando você corta uma grande sequência como essa, todo o filme sofre, porque foi projetado para ser um grande cenário de ação em um ponto muito específico do filme", completou.

 

Para justificar as críticas que o filme recebeu após eu lançamento, Kasanoff citou o cronograma de produção apertado como o fator principal. Ele teria, inclusive, insistido para que a New Line esperasse pelo menos seis meses antes de lançar a sequência, apelo que foi completamente ignorado pelo estúdio.  

Sem opção, Kasanoff foi obrigado a seguir com cronograma determinado pela New Lines, não havendo a menor possibilidade para realizar refilmagens, o que poderia ajudar a resolver quaisquer lacunas existentes na trama. O planos do produtor também incluíam a extensão de mais uma semana de filmagens na Tailândia e Jordânia, além de gravações adicionais em estúdio, garantindo uma revisão mais apurada para a edição preliminar.

No quesito efeitos especial, mais um problema. A equipe de pós-produção do filme era espalhada por todo mundo, mas mesmo com esse alcance global de talentos, esse departamento não conseguiu realizar o trabalho de forma adequada.




Embora a própria New Line tenha considerado os efeitos especiais de "Aniquilação" como "bons o suficiente" para a época, o próprio Kasanoff admitiu que essa parte do trabalho permaneceu inacabada.

 

A CONTINUAÇÃO QUE NÃO ACONTECEU

Ainda segundo os relatos do livro, Kasanoff tinha planos de continuar a franquia após "Aniquilação". A sequência foi provisoriamente chamada de "Mortal Kombat: Devastação". No entanto, a má recepção da crítica e o fracasso comercial do filme levaram ao adiamento do projeto por vários anos.

No início dos anos 2000, houve uma tentativa de pré-produção, com Linden Ashby e Robin Shou (Liu Kang) sendo os porta-vozes dessa sequência. A Louisiana havia sido escolhida para ser locação, mas as filmagens acabaram adiadas após a cidade ser impactada pelo furação Katrina.




Eventualmente, a Midway Games acabou entrando em um processo de venda, sendo adquirida pela Warner Bros. Kasanoff, inclusive, teria tentado impedir a vendo do estúdio de jogos por meios judiciais, uma vez que a transação comprometeria a produção do terceiro filme. A tentativa acabou fracassando, a venda foi concluída e o projeto foi arquivado em definitivo.




Outro fato ressaltado no vídeo do Looper é que Christopher Lambert também foi considerado para retornar como Raiden no terceiro filme.

Em uma entrevista para o Loaded, em agosto de 2016, o ator confirmou que chegou a ler o roteiro que foi proposto para "Mortal Kombat: Devastação" e que havia gostado do que tinha visto. No entanto, não fica claro se o material foi o mesmo acessado por Shou e Ashby.




Ainda segundo Lambert, o terceiro filme traria como proposta a quebra de espaço e tempo, com os lutadores viajando através das eras, em locais diferentes no meio da batalha. Acredita-se que essa tenha sido uma tentativa de reviver a franquia por parte da New Line Cinema, no entanto, não foi o que aconteceu. A reiniciação da séria ocorreria muito anos depois, em 2011, com a contratação de Kevin Tancharoen para dirigir o novo filme.




Em 2016, a Warner Bros. enfim confirmou um novo filme, dessa vez com Simon McQuoid como diretor, sendo lançado em 2021 e se tornando o maior sucesso do streaming de filmes da empresa, o HBO Max.


MAS NEM TUDO FORAM ESPINHOS

Robin Shou foi um dos poucos atores do primeiro filme confirmado em "Aniquilação", fazendo com que os fãs não ficassem totalmente desapontados. Embora realizasse as suas próprias cenas de luta, o ator contava com auxílio de um dublê para dar maior dinamismo em suas cenas. Esse profissional é ninguém menos que o tailandês Tony Jaa.




A participação no filme fez com que Jaa trilhasse seu próprio caminho dentro do rol de estrelas de filmes de ação, com destaque para participações em produções como "Ong-Bak: The Thai Warrior", de 2003, e "Velozes & Furiosos 7", de 2015.

Outro que também teve sua carreira projetada de forma positiva após participar de "Aniquilação" foi Ray Park. Na ocasião, o britânico foi o dublê escalado para dar suporte as cenas do ator James Ramer, que acabou herdando o papel de Raiden após a desistência de Christopher Lambert.




Park também auxiliou outro ator da sequência, Dennis Keifer, em cenas que envolviam o personagem Baraka, e também foi um dos zaterranos que ameaçam os heróis na luta em Outworld.




Após sua participação em "Aniquilação", Park foi escalado para viver Darth Maul em "Star Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma", de 1999. Ele também viveu o Cavaleiro Sem Cabeça em "A Lenda de Sleepy Hollow", de 2013. No entanto, seu papel de maior destaque entre os amantes de filmes de super herói foi como o vilão Groxo, em "X-Men", de 2000. Ele também foi escalado para interpretar Snake Eyes nos primeiros filmes da franquia "G.I. Joe".

Durante sua participação na Comic-Con de Salt Lake City, em 2013, o ator não só afirmou que "Mortal Kombat: Aniquilação" foi responsável por iniciar a sua carreira, como  também expressou interesse em retornar à franquia, caso fosse novamente convidado.


É O QUE DEU ERRADO?

Depois de dirigir o primeiro filme de MK, Paul W.S. Anderson continuou a encabeçar adaptações de jogos de videogames para os cinemas. Dentre essas produções estão "Resident Evil" e "Monster Hunter", ambos da Capcom.

 


"Isso [me] fez pensar de forma diferente sobre como você cria uma franquia, e uma das coisas que as franquias fortes têm é uma forte equipe criativa por trás delas que permaneceu a mesma. Senti que com 'Mortal Kombat' comecei uma franquia e depois a sequência acabou com a franquia", declarou Anderson ao livro.

 

Além de dirigir, Anderson também foi responsável por escrever o roteiro de quatro dos seis filmes de Resident Evil. Parte dessa expertise, segundo ele, foi conquistada graças a sua experiência com Mortal Kombat.

Sobre os problemas de "Aniquilação", ele disse o seguinte: 

 


"Os problemas que eles tiveram desta vez foram as razões pelas quais eu não queria voltar para a sequência".

 


Apesar de sempre estar acompanhando toda a trajetória de Mortal Kombat, tento inclusive participado da produção dos filmes, o co-criador da franquia, Ed Boon considera "Aniquilação" como o ponto mais baixo para a série nos cinemas.




O mesmo sentimento é compartilhado por John Tobias, que é creditado como co-criador da história do filme junto com Kasanoff e Joshua Wexler (Brent V. Friedman e Bryce Zabel são os roteiristas). Em um jogo de perguntas e respostas na internet, ele disse que listou "Aquilação" como uma de suas memórias não tão favoritas, lembrando justamente dos cortes brutos realizados pela edição.

E você, concorda que Mortal Kombat: Aniquilação fracassou em sua proposta? Deixe a sua opinião nos comentários.

 

COM INFORMAÇÕES DE EVENTHUBS.


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